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Chama pra um café

Viver está corrido

Parece que a nossa rotina só fica mais abarrotada de coisas pra fazer, responsabilidades e compromissos. Segunda já começa com energia alta – projetos pra entregar, papos pra conduzir, reuniões pra fazer, almoços pra estar, tardes pra entregar algum relatório, desenho, pra atender algum cliente ou paciente. A semana vai passando e vamos dando check nas pendências em busca daquela sensação de dever cumprido. 

Se você for muito organizado, vai cumprir quase tudo o que estabeleceu que iria fazer. E aí chega sexta. Finalmente vai começar o final de semana – e agora sim temos tempo para as relações que também preenchem a nossa alma. Aquele aniversário do amigo, o encontro de domingo com a família, uma visita aos sogros, aquele casamento da amiga da namorada, um almoço com o grupo de faculdade ou da pós. Esses encontros preenchem nosso espírito porque são intencionais. Fazemos porque queremos, porque desejamos encontrar pessoas queridas, porque nesses momentos estamos com pessoas que nos nutrem e que nutrimos de afeto e amizade. 

Rotinas ágeis

Por que sentimos tanta diferença entre o final de semana e os dias de semana? Talvez porque não estejamos colocando tanta intenção nos nossos dias úteis? Pode ser. A rapidez e velocidade com que as coisas acontecem são tão grandes que está cada vez mais fácil se deixar levar pelo prático e funcional. Praticidade e funcionalidade são coisas muito boas – melhoram a performance e trazem mais agilidade pra vida, mas se não prestarmos atenção elas também podem tirar a essência das coisas que fazemos e acabamos nos esquecendo do por quê as fazemos. 

Um antídoto pra isso, talvez, seja viver um pouco mais leve e devagar. Será que dá? 

Vida digitalizada

Celular, computador, streamings, redes sociais, podcasts, aplicativos de mensagem são os meios com que hoje em dia nos conectamos com o mundo e com o nosso entorno. Estamos já tão acostumados a nos falar e obter informações por algum meio digital, que está cada vez mais normal manter relações virtuais como as fontes primárias de conexão. E com essa complexidade alta de mídias e canais é fácil nos deixarmos levar pela superficialidade das coisas. Durante a semana então, é quase uma regra que passemos muito mais tempo interagindo digitalmente do que fisicamente. Mas deixar que esse tipo de interação tome a dianteira da nossa vida pode vir com prejuízos. Dificilmente vamos conseguir ter uma conversa de qualidade pelo whatsapp ou por algum chat. Raramente conseguimos solucionar ou destravar problemas complexos e multifatoriais que exigem deliberação e troca – sejam eles técnicos ou interpessoais – pelo slack ou teams. 

Chama pra um café

Não somos experts em relacionamento, consultores de performance ou filósofos conhecedores do que é levar uma vida boa, mas vai aqui uma prática que achamos legal e que pode ajudar a trazer mais intenção pros nossos dias de semana: chama pra um café. 

Está tendo muita discussão pra fazer algum projeto sair do papel? Não está concordando com a forma como as coisas estão se direcionando em algum tema em que esteja envolvido? Não entende muito bem o propósito daquela nova iniciativa e por isso está com um pé atrás? Não está se dando muito bem com tal pessoa? Acha que fulano está fazendo corpo mole? Acha que ciclano está tentando minar seus argumentos demais e parece que tem algo pessoal? Os escopos estão mudando muito e não sabe mais qual o seu papel dentro do seu cargo? Está insegura com seu chefe ou com seu par? Sente que pode ir além e tem mais potencial mas só recebe tarefas básicas e chatas? Vai começar um novo projeto e precisa conversar para trocar ideias e se inspirar? Tem uma ideia de negócio e acha que aquela pessoa pode te ajudar a entender se ela faz sentido? Quer conhecer mais sobre tal tema? 

Chama pra um café. 

A lista de situações poderia ser infinita, porque na essência trabalhar e viver é se relacionar com outras pessoas. O lado técnico importa, e muito, mas o lado humano sempre vai prevalecer. Não fazemos nada sozinhos. Precisamos de pessoas a todo o tempo e elas também precisam de nós. Hoje em dia não é incomum que muitos problemas surjam ou se arrastem porque estamos ficando muito acostumados a tratar e abordar as coisas buscando sermos o mais eficientes e ágeis que pudermos ser. E pra isso lançamos mão dos canais digitais. Uma conversa se torna uma mensagem de whatsapp. Um papo se torna um e-mail mal escrito. Uma explicação se torna um comunicado em texto ou um post nas redes sociais. Às vezes, vale a pena um papo presencial. 

No contato presencial, abrimos espaço e damos oportunidade para descobrir mais sobre as pessoas por trás dos projetos. Nos conectamos com a humanidade em cada um e podemos trocar ideias de forma mais fluida e natural. Abrimos nossa mente para entender as pessoas à nossa volta com um nível maior de profundidade e muitas vezes aquela ideia que tínhamos sobre tal pessoa ou tal coisa não era bem aquilo. 

Pra você quem tem uma vida corrida e acelerada, pode achar que ir tomar um cafezinho seja sinônimo de gastar tempo, mas ele pode na verdade te salvar de sair fazendo tudo às pressas e errado. Ele é uma das formas de dar uma desopilada e se aprofundar mais no outro. 

Se ao menos você tivesse chamado o seu chefe pra tomar um café e trocado uma ideia, ia entender que o que você estava fazendo estava desconectado da ideia maior que ele tinha em mente – e assim teria tomado outras ações para corrigir a rota. Isso teria te poupado de vários desgastes e ainda teria te aproximado mais dele. Se tivesse chamado aquele par pra um cafezinho, teria entendido que na verdade ele não estava desdenhando seu projeto. Ele só estava mesmo era com alguns problemas em casa que estavam fazendo com que ele não conseguisse dar tanta atenção assim naquele momento. Em vez de ficar ruminando o tema, você teria entendido e seguiria em frente. E de quebra, mais uma vez, teria criado uma conexão mais intencional com seu par. 

Não fica no modo automático. 

Chama pra um cafezinho.

Publicado em 10/07/2023

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